Quantas vezes sua avó lhe aconselhou, em momentos de medo: “Pensa em outra coisa, numa coisa boa”? E você, talvez com ceticismo, respondeu: “Se fosse fácil assim, vó...”. No entanto, a ciência vem demonstrando que essa sabedoria popular tem fundamentos sólidos.
Quando enfrentamos situações desafiadoras que provocam tensão, evocar uma memória afetivamente positiva pode ser uma estratégia eficaz. Essa prática ajuda a desativar áreas do cérebro responsáveis por reações de medo, como a amígdala e suas conexões. Ao desarmar essas regiões, o cérebro pode se concentrar melhor na tarefa em questão, potencializando nosso desempenho. Muitos atletas utilizam essa técnica antes de competições importantes, conectando-se com lembranças de suas famílias ou do propósito que os levou até ali para encontrar força e motivação. Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros e publicado no Journal Frontiers in Human Neuroscience revelou que a evocação de memórias positivas ativa e desativa regiões cerebrais específicas.
Essa abordagem não se trata de pensamento mágico ou de tentar controlar a realidade externa. Em vez disso, é uma forma de regular nossa realidade interna através da fisiologia cerebral, alterando assim nossa experiência do mundo. Para o cérebro, pensar e fazer são processos intimamente ligados; ao visualizar ou recordar algo, o cérebro prepara-se para a ação correspondente.
No Instituto Neurofeedback, frequentemente trabalhamos com clientes usando o conceito de "experiências âncoras". Essas são memórias que evocam sensações de plenitude, segurança e positividade. Quando confrontados com estados emocionais tensos ou ansiosos, podemos recorrer a essas memórias para reorientar nossos pensamentos e reduzir a reatividade cerebral. Isso facilita o enfrentamento de situações adversas e nos lembra que a vida é feita de momentos transitórios.
A capacidade de alternar entre diferentes estados mentais pode alterar nossa percepção da realidade e aumentar a eficácia dos nossos comportamentos. Não se trata de negar a realidade em momentos de tensão, mas sim de relativizá-la e redimensionar sua importância através de um novo olhar. Assim, podemos viajar mentalmente para experiências passadas positivas que nos trazem segurança e esperança.
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